segunda-feira, 22 de março de 2010

Modelos de Infraestrutura de TI

Fala-se, na literatura, que o modelo Federativo reúne o melhor dos 2 mundos (centralizado e descentralizado), entretanto, apresenta uma Governança complexa. O que se quer dizer com Governança complexa ?

23 comentários:

  1. Destacam-se dois motivos pela escolha do modelo federativo:

    1. agilidade (uma vez que "cliente" e "fornecedor", neste caso, estão mais próximos e há estrutura dedicada);

    2. especialização (uma vez que, ao menos em tese, a área de TI descentralizada entenderia ainda mais da área de negócio à qual está associada).

    A "face" descentralizada do modelo só faz sentido se tiver certa autonomia.

    Entretanto, essa autonomia tem limites e envolve etapas, variáveis, condições, gatilhos, índices e normas interdependentes que, quando integradas, devem gerar sinergia para a organização (por exemplo: sistemas integrados que permitam extensões personalizáveis para setores).

    Como essa relação entre as partes é complexa, a governança relacionada também o é - ou deveria ser.

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  2. A complexidade envolve diversos elementos e fatores endógenos e exógenos para se resolver. Podemos, sim, dizer que o modelo corporativo reuniria o que há de melhor em governança. Contudo, é falso afirmar que esse modelo se adequaria a todo tipo de organização.

    Uma organização pode conter, em linhas gerais, uma estrutura mecanicista ou organizacional. Algumas, mecanicista com discurso organizacional. Outras, porém, com um nível de maturidade mais elevado, já conseguem estruturar-se - ou ao menos alguns dos seus segmentos - em uma complexidade mensurável, e são capazes, pois, de operacionalizar ações com transparência, accountability e compliance estratégico ao seu negócio. Daí a governança complexa.

    Portanto, em ilação simples, poderíamos dizer que a maturidade da organização em seu negócio é diretamente proporcional à sua capacidade de governança complexa.

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  3. Concordando com o que foi dito pelo Mauricio Melo, “...é falso afirmar que esse modelo se adequaria a todo tipo de organização”. Quando se faz referência à governança complexa, me vem em mente o processo de adaptação e flexibilidade que as organizações devem ter para atender as necessidades das unidades locais (setor) e ao mesmo tempo estar conscientes das exigências da organização como um todo.

    Existem fatores que afetam as organizações: “a velocidade das mudanças, que aumenta a cada dia e torna difícil se manter à frente da competição, e a complexidade do mundo, que dificulta o aprendizado e o gerenciamento das empresas de uma forma efetiva.” Fazendo referência à Governança Complexa, deve-se ter uma visão interdisciplinar, adaptar-se e ser flexível aos processos, buscar o equilíbrio e entender que o contexto da organização não é um processo linear.

    Mesmo reunindo o que há de melhor nos dois mundos, há a governança complexa, onde se deve buscar na organização o equilíbrio entre os atores envolvidos (stakeholders), visões diferentes da estrutura conhecendo-a no todo e os objetivos pelos quais a empresa se orienta.

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  4. À medida que a organização centraliza suas atividades é natural que busque padrões e metodologias de suporte aderentes ao seu negócio. Concordo com o Maurício quando se refere à maturidade da organização no sentido em que no modelo Federativo possa existir uma relação direta entre o tamanho da corporação e a complexidade de seus processos. Assim quanto maior a empresa, maior a quantidade de atributos dos vários processos que devem ser administrados. Mas como fica a flexibilidade destas empresas quando surgir uma inovação que pode impactar em seu negócio? As empresas que possuem alto grau de maturidade em seus processos podem obter “flexibilidade” desejável em sua Governança?

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  5. A minha compreensão de "modelo federativo" é no sentido de que as decisões de TI sejam tomadas em um ambiente que reúne executivos responsáveis por áras estratégicas da empresa, cada uma com um gestor interno de TI, e um grupo centralizador ou compartilhador, o qual oferece serviços de TI para toda a empresa.

    Assim, faz-se necessário implantar uma gestão com decisores de TI (e controles) tanto nas verticais (áreas estratégicas) quanto na área centralizadora, a fim de manter uma padronização, uma uniformidade. Consequentemente, em vez de possuir um único ponto de gerenciamento (controle ou governança), exigir-se-á uma atuação muito efetiva, de forma que se obtenha integração e sinergia entre as diversas áreas verticais e a área centralizadora, fazendo com que toda a empresa lucre com os resultados.

    A meu ver, é nessa exigência que se define a governança complexa.

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  6. Exatamente, Edmundo, esse é o ponto. Como você escreveu: "Consequentemente, em vez de possuir um único ponto de gerenciamento (controle ou governança), exigir-se-á uma atuação muito efetiva, de forma que se obtenha integração e sinergia entre as diversas áreas verticais e a área centralizadora".
    Aproveitando o ensejo, dá pra você adiantar pra gente como pode se dar essa "atuação muito efetiva" ?

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  7. Com a adoção de um modelo de gestão de TI federativo por uma organização, o processo de decisão conseqüentemente deixa de ser eminentemente centralizado, isto poderá implicar em considerar ainda mais elementos (fatores internos e externos) para realizar a gestão e tomada de decisão, pois em algumas decisões deve ser considerada a possibilidade de adotar como solução corporativa ou uma solução local, os limites de atuação devem ser bem delimitados para evitar conflitos entre os gestores. Embora a princípio possa parecer uma desvantagem esta “complexidade” que vem a reboque ao modelo, na realidade é apenas um reflexo de estar mais atento as necessidades e a possibilidade de prover maior agilidade para as operações locais.
    Em última análise, poderíamos dizer que a complexidade é uma condição que os gestores devem buscar, pois, ser complexo não implica em ser insolúvel ou improdutivo e sim em considerar múltiplos relacionamentos e processos, pois, se antes as decisões em TI tinham como foco apenas questões técnicas (ROI, TCO, Tecnologia pela Tecnologia), nos dias atuais questões aparentemente subjetivas tais como Alinhamento ao negocio, satisfação do cliente e acionistas, sinergia com fornecedores e parceiros não podem ser ignoradas.
    Vale a pena ressaltar que embora o modelo federativo possa parecer no primeiro momento o estado da arte, não é necessariamente a melhor opção para todas as organizações em qualquer fase de sua existência, as quais devem considerar pelo menos três dos quatro modelos apresentados ( Centralizada, Federada, Descentralizada, sem características) e avaliar qual melhor atende a suas necessidades, excluindo obviamente o modelo “sem características” o qual não apresenta nenhuma contribuição para gestão de TI.

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  8. O meu entendimento em relação a complexidade do "modelo federativo" advém de um modelo que mantém uma infra estrutura corporativa centralizada que compatilha seus recursos com unidades de negócio que possuem suas infra estruturas de TI locais.
    Desta forma, acredito que, além do lado sistêmico muito dinâmico (que demanda uma estrutura altamente planejada para manter uma uniformidade e padronização) é necessária uma maior integração para controlar este gerenciamento, até mesmo para contornar as dificuldades de priorização nos processos decisórios e de negociação.

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  9. A complexidade se dá na busca do equilíbrio entre a governança centralizada e descentralizada. Consequentemente aplicar na prática este modelo.
    Acredito que os atributos pertencentes aos 2 modelos como: Padronização (Centralizada) e
    flexibilidade (descentralizada) são variáveis que quando mau aplicadas podem ser antagônicas.
    Além disso, não podemos partir da premissa que o modelo federativo seja o "melhor dos mundos" para qualquer organização.
    Podemos considerar que um fator de governança complexa é aplicar um modelo centralizado numa empresa que não está preparada para tal.

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  11. O modelo federativo implica em uma organização híbrida,com parte de responsabilidades por TI centralizadas e parte alocada em unidade de negócios. Temos aí uma busca por uma infra-estrutura básica comum ( com foco em otimização em custos ) e em "contra-partida" uma liberdade para soluções próprias nas unidades de negócio.
    Aí reside a complexidade desta governança : diversos atores e necessidades friso entre aspas- "diferentes"-e a gestão destes dois vetores para que sejam sinérgicos torna o modelo de governança complexo.

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  12. Sem pretender responder completamente a pergunta, entendo que a "atuação muito efetiva" poderia se dar por meio do uso coordenado de algumas das "tecnologias" que temos estudado e tentado praticar ao longo do tempo. Considerando-se as características do modelo federativo, eu destacaria a gestão por processos, a adoção do conceito de serviços de TI, inclusive para gestão da infraestrutura, a gestão da capacidade, o gerenciamento financeiro, inclusive com a implantação de centros de custos, a gestão do conhecimento e o gerenciamento de projetos.
    Ademais, penso que a principal ferramenta seria a Gestão do Portafólio da TI, já que, como estudamos, tem como objetivo a busca de um processo de decisão dinâmico, holístico e cíclico, além de apresentar-se numa linguagem mais próxima do negócio. A ideia é que a complexidade do modelo federativo está mais nas tomadas de decisão do que na operação do dia-a-dia, o que daria especial importância à Gestão do Portafólio.

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  13. Começarei meu raciocínio partindo dos dois modelos que formam o federativo. No modelo centralizado, a governança é mais simples, necessitando tão somente de uma gerência efetiva e eficaz de toda a infraestrutura de TI da organização. Padronização e controle são as palavras fortes deste modelo. Já a descentralizada tem a resposta mais rápida para o usuário, impondo, no entanto, um custo maior para a empresa, custo este não somente financeiro, mas de esforço como um todo.
    Considerando então que o modelo federativo reúne, de certa forma, as melhores características dos modelos centralizado e descentralizado, a complexidade vem exatamente de conseguir criar e gerenciar uma infraestrutura comum, cheia de sinergia, padrões e especializações em toda a organização, e ainda gerenciar as infraestruturas localizadas, com todas as suas especificidades, sem perder a padronização e a sinergia.

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  14. A complexidade da governança no modelo federativo está na junção de uma estrutura centralizada de gerenciamento com unidades de negócios com autonomia. A liberdade dada as unidades de negócio confere maior flexibilidade e poder de adaptação as necessidades do cliente, porém requer uma estrutura mais robusta de governança para estas se mantenham alinhadas as estratégias da organização.

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  16. Samih e Erica, acho que vocês sintetizaram bem a questão. Conciliar o melhor dos dois mundos tem um preço, e esse preço é uma governança mais complexa. Nessa linha de raciocínio, posso concluir que o modelo federativo só vai funcionar a contento em empresas maduras ?

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  17. Como o modelo Federativo reúne as características das estruturas centralizadas (clientes e recursos comuns; recursos compartilhados; menor custo, maior sinergia) e descentralizadas (melhor resposta competitiva; auto-suficiência; maior custo, menor sinergia) formando o melhor dos dois mundos com uma estratégia coordenada, a governança se torna complexa. Isso porque as pressões por integração corporativa e resposta local são altíssimas, demandando esforços significativos para manter aderência das soluções locais aos padrões da arquitetura corporativa. Além disso, encontrar o equilíbrio entre padronização e independência; custo e sinergia é considerado um grande desafio para esse modelo.

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  18. Como os colegas disseram cada caso é um caso, mas acredito ser importante observar que na gestão centralizada as necessidades dos departamentos de maiores (em tamanho ou politicamente) serão priorizados, enquanto que os menores serão negligenciados, essa situação não pode acontecer em grandes empresas distribuidas geográficamente/culturalmente (descentralização de TI faz sentido em grandes empresas), onde possuem necessidades e estratégias diferentes dependendo da região de atuação. Ao meu entender um cenário como este torna a governança complexa pois leva ao compartilhamento de serviços (aplicações e processos gerais) e ao mesmo tempo cria novos grupos que precisam possuir a habilidade de inovar e reagir com rapidez as necessidades do negócio. O formato de Infra estrutura federalizada com TI’s autonomas de certa forma gera um sistema governança particionado, onde a tomada de decisão se torna complicada, ou seja, cada gestor tem certa autonomia de orçamento e decisões, dessa forma um gerenciamento de TI onde busca-se convergir as decisões se torna complexa.

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  19. O modelo federativo deve ser utilizado, preferencialmente, em organizações que apresentam alta maturidade em seus processos decisórios e de negócios. O modelo centralizado tem sido adotado por organizações que percebem que a descentralização, por maior que seja o "comprometimento" dos gestores locais em cumprir as orientações do órgão central, nem sempre são efetivamente mais baratas e atendem aos reclames dos usuários locais com maior rapidez e efetividade. Algumas organizações públicas têm adotado o modelo federativo, mas de modo incompleto, pois não dão às unidades locais nem autonomia, nem recursos para que executem suas atividades de forma mais rápida. Assim, acabam adotando um modelo federativo "centralizado".
    A complexidade se refere, em minha opinião, à dificuldade de adoção desse modelo em organizações que ainda não apresentam maturidade organizacional para tal. Como federalizar a gestão de TI se os processos de gestão de projetos, financeira, de infraestrutura tecnológica ainda não estão maduros o suficiente e, em muitos casos, são inexistentes?

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  20. Acredito que a estrutura de TI no modelo federativo conta na sua organização com as melhores partes da infraestrutura TI centralizada e da descentralizada, mesclando a otimização de custos compartilhados com flexibilidade no atendimento de necessidades pontuais; possui infraestrutura básica e aplicações corporativas tipicamente centralizadas, utilizando, quando necessário, repasse de custos; tem equipes próprias; demanda esforços para manter aderência das soluções locais aos padrões da arquitetura corporativa, porém, nos confrontamos com o desafio de encontrar o ponto de equilíbrio entre padronização e independência, por isso menciona-se governança complexa, somar as melhores partes da estrutura centralizada com a estrutura descentralizada sem causar danos e lentidão a infraestrutura.

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  21. Me inspirando na abordagem de Teoria da Complexidade que o Haroldo muito bem aqui introduziu diria que o fator “Pessoas” é fundamental quando estamos falando de Governança e em especial de Governança de TI. A própria norma ISO/IEC 38.500:2008 (Corporate Governance of Information Technology) explicita isso muito bem. Dentre os seus seis princípios, o sexto aborda o comportamento humano enfatizando a importância das pessoas para a Governança de TI, bem como o respeito e o cuidado com elas. Reconhecidamente o processo de Governança de TI requer significativa mudança cultural e comportamental, das organizações (Internal), dos clientes (Demand) e parceiros (Supply) de negócio. Mais ainda, essas mudanças podem gerar entraves e má compreensão do processo de governança por parte das pessoas que compõe a organização. Recomenda-se assim uma gestão próxima e contínua que permita avaliar a compreensão e engajamento das pessoas no processo de governança.
    Essa recomendação é no mínimo mais difícil em se tratando de uma organização com múltiplos níveis como as do Modelo Federativo. Na minha visão é complexa, bastante complexa.
    Gestão próxima e contínua combina muito com o que os diversos modelos de maturidade preconizam. Isso relaciona-se com sinergia, padronização, integração, etc. tão bem abordado pelos demais colegas. Daí, na minha opinião, maturidade (conforme perguntado) é importante sim, mas não é tudo.
    Organizações são por excelência sistemas dinâmicos complexos. Assim, a fim de procurar complementar aquilo que a maturidade agrega de valor às organizações, no que diz respeito à Governança de TI, abordagens mais humanas (e portanto complexas) baseadas nas Organizações que Aprendem (Argyris e Senge), Organizações Vivas (De Geus), e Organizações Caórdicas (Dee Hock) reconhecendo as limitações e virtudes humanas e buscando o equilíbrio entre o caos e a ordem são fundamentais.
    Edgar Morin (expoente do Pensamento Complexo) tem uma frase muito interessante e pertinente que diz assim: “O que se deve desenvolver é a pilotagem das máquinas e não a maquinização dos pilotos”.

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  22. Concordo com o MarceloCunha. "Pessoas" tem um grande peso na questão da Governança. Como mencionei em sala de aula, trabalhei numa organização, cujo modelo se assemelhava mais as características de um modelo Federativo, e onde a governança era muito complexa. Os problemas foram minimizados depois de se estabelecer encontros presenciais semestrais com os responsáveis por cada TI local. A pauta desses encontros era discutida anteriormente com todos os participantes. Como resultado houve um maior comprometimento e integração de toda a equipe (nível Brasil), unificação do discurso de TI, descobertas de talentos e utilização desses talentos, ao invés da contratação de consultoria externa, para solução de problemas, melhor atendimento das necessidades locais (em termos até de treinamento), descobertas de soluções locais e que posteriormente foram “nacionalizadas”.

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